Como escolher uma graduação pela qualidade?
Nem sempre é fácil escolher o lugar onde você vai passar seus próximos quatro ou cinco anos – talvez mais –, dedicando longas horas de estudo, convivendo com gente nova, provando suas aptidões para, ao final, conseguir emprego e satisfação com a carreira. As variáveis são muitas. Mas existem dicas que podem ajudar na decisão por um curso no Ensino Superior.
O ponto de partida são os indicadores de qualidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Como selos de qualidade, eles influenciam na forma em que cada profissional é visto no mercado, avaliando o nível dos cursos e das faculdades.
Esses índices não garantem contratações, mas ajudam a orientar as empresas em busca de profissionais qualificados. E, claro, são um ótimo termômetro para o estudante se certificar de que terá uma boa formação.
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) tem três componentes principais: o Índice Geral de Cursos (IGC), que avalia a qualidade de ensino das instituições; o Conceito Preliminar de Curso (CPC), focado em cada curso individualmente; e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), que mede o desempenho dos estudantes e é incorporado aos outros dois.
Segundo a assessoria do Inep, o Sinaes avalia todos os aspectos que giram em torno desses três eixos, principalmente o ensino, a pesquisa, a extensão, a responsabilidade social, o desempenho dos alunos, a gestão da instituição, o corpo docente e as instalações.
Pública ou privada?
Outra dúvida comum em vestibulandos é sobre o tipo de faculdade a escolher: uma pública – sem mensalidade, porém mais concorrida – ou uma privada, na qual a concorrência é menor, mas onde é preciso abrir a carteira. No caso das privadas, os estudantes podem recorrer a serviços de crédito educativo e pagar aos poucos, depois de formados.
Para quem fez o Ensino Médio em escola pública e não consegue acesso a financiamento privado, a Lei de Cotas, sancionada em 2012, garante a reserva de 50% das matrículas para instituições federais de Ensino Superior. Fora o fator mensalidade, os futuros universitários devem calcular gastos adicionais com comida, transporte, equipamentos e fotocópias.
A disponibilidade de cursos em horários fixos também pode ser um diferencial. Para uma pessoa que trabalha durante o dia, só será possível frequentar um curso de nível superior em uma instituição que ofereça essa graduação no período noturno, ou EaD, por exemplo.
Uma decisão consciente também envolve conhecer o foco que cada lugar dá aos cursos de graduação. Alguns são melhores em pesquisa e prestação de serviços à população; outros têm boas conexões com o mercado de trabalho.
— No que diz respeito ao currículo, cada instituição pode ter ênfases distintas. O que se deve ter clareza é que nem todas as privadas e nem todas as públicas são iguais — explica Alessandra Blando, pedagoga e especialista em aconselhamento de carreira.
De 2 milhões a 3 milhões de pessoas entram no Ensino Superior todos os anos, mas apenas metade deles se forma, conforme o Censo da Educação Superior de 2018. Ou seja, muita gente não termina o curso que escolhe – a evasão tem razões diversas.
Por isso, é importante que o aluno conheça bem o lugar que será, praticamente, sua segunda casa. Visite o campus, entre em contato com os alunos do curso e, antes de tomar uma decisão, pesquise bem sobre a profissão que deseja seguir.
O sistema do MEC :
No portal e-MEC, pode-se consultar os conceitos atribuídos a instituições de ensino e cursos de graduação de todo o Brasil. Siga os passos para verificar a avaliação de cursos e instituições onde você cogita estudar.
- Acesse emec.mec.gov.br
- O sistema iniciará na tela de Busca interativa. Ao clicar em um Estado, você será direcionado a uma tela em que pode filtrar as instituições por município e/ou curso oferecidos.
- Clicando em uma instituição, pode-se verificar os índices na parte inferior da página. Preste atenção ao IGC. No alto da página, na aba Graduação, é possível acessar todos os cursos de graduação da IES selecionada. Clique em um curso para checar o conceito no Enade e o conceito preliminar (CPC) correspondentes.
Os principais indicadores
- Há dois dados principais disponibilizados pelo MEC. O Índice Geral de Cursos (IGC) avalia as instituições de Ensino Superior públicas e privadas e é dado pela média dos índices dos cursos oferecido em cada universidade ou centro universitário.
- A avaliação de cada graduação, por sua vez, é dada pelo Conceito Preliminar de Curso (CPC), calculado com base na performance dos alunos no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e na qualificação do corpo docente, das instalações físicas e da organização didático-pedagógica.
Interpretando as notas
- Todos os índices vão de 1 a 5. Notas 1 e 2 significam que o curso ou instituição tem problemas. Na faixa de 3 a 5, estão as instituições e os cursos satisfatórios em nível crescente de excelência.
- A nota do Enade nem sempre reflete a qualidade do curso. Em alguns casos, alunos boicotam o exame, então deve-se observar o CPC, que leva em conta outros fatores. Além disso, o conceito do Enade é atribuído de forma comparativa, não absoluta: uma nota alta significa que os alunos do curso em questão tiveram desempenho superior aos alunos de cursos concorrentes, não necessariamente que responderam corretamente às questões do exame.