Dual Soul

Dual Soul

28 de novembro de 2018
por Amanda Ribeiro -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


Rodrigo Araújo, aluno do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Recanto, lançará oficialmente na sexta-feira, 30 de novembro, sua primeira obra literária Dual Soul. A ficção fantástica é uma releitura heroica da velha saga entre a luz, a treva, com a adição de um novo lado: o Vazio, que carrega consigo uma perspectiva única sobre o mundo e está diretamente relacionado à neutralidade e à morte.

"Se a vida considerada boa vence, a luz prevalece; se a vida corrompida vence, a treva prevalece. Agora, se não há vida... O vazio prevalece."

A narrativa de Rodrigo, embora fictícia, parece ser uma interpretação genuína da atualidade repleta de elementos oriundos de um universo distópico em que o elemento surpresa — ter luz e escuridão lutando juntas contra o vazio— colocam os dois personagens principais em contato com valores morais, julgamentos éticos e comportamentais e em articulação de estratégias para alcançar o objetivo de evitar a instauração do nada.


Aventure-se na leitura dos primeiros capítulos de Dual Soul

aventura é envolvente, cheia de elementos surpresas e o enredo mantem um ritmo constante por toda a leitura.

O aluno compartilhou um pouco desta "incrível jornada" na entrevista abaixo:

1. De onde veio à inspiração para Dual Soul? 

Sinceramente, não houve inspiração, como está escrito na minha biografia: “Certo dia, acordou com toda a história do universo de Dual Soul em sua cabeça...”, até hoje tento entender de onde surgiu toda essa história, alguns dos meus estudos levam a crer que a ficção é a manifestação de eventos distorcidos da realidade. Talvez a Karlai e os outros personagens sejam fragmentos distintos da minha própria personalidade e Soen um desejo utópico de “lar”. Sendo essa história uma “dádiva divina” ou uma “desconstrução da realidade”, Dual Soul continua sendo uma série única, que pretendo escrever até o fim.

2. O livro é repleto de questões e posicionamentos morais dos personagens. No seu ponto de vista, os valores morais serão responsáveis por definir os rumos da humanidade?

Acredito que sim, cada indivíduo na sociedade carrega seus próprios valores que são a base das escolhas que realizamos ao longo de nossas vidas e interferem diretamente no nosso mundo. No livro isso é evidente pela ação das personagens, Ayla, por exemplo, apresenta uma personalidade forte e segue princípios “heroicos”, estando disposta a se sacrificar por aqueles que ama, as escolhas que ela e Aleph realizaram, de lutar contra a opressão da Irmandade não alterou apenas ela, mas sim, o destino de toda Soen. Não importa o quão simples seja uma escolha, cada mínima ação que realizamos pode contribuir para alterar o rumo de toda humanidade.

3. A escrita é um processo de interiorização do mundo. De que forma, Dual Soul te ajudou para na internalização positiva de conflitos da adolescência?

Os “conflitos” da adolescência ocorrem, pois é nesse período que um jovem começa a definir sua personalidade, no início não sabemos ao certo quem somos e temos dúvida quanto a quem queremos ser. O livro Dual Soul me ajudou bastante nisso, sempre fui uma pessoa bem tímida e nunca me expressei muito, essa é uma característica que sempre fez parte de quem eu sou, mas ao escrever aos olhos de outros personagens, minha própria perspectiva do mundo se altera, tive que “encarnar” personalidades vivazes e heroicas, frias e melancólicas, destemidas e impiedosas. Essa enorme variedade de características acaba influenciando e me obrigando a pensar em quem vou ser.

Durante a adolescência, o jovem vê apenas duas coisas: as qualidades dos outros e os próprios defeitos. Isso acontece porque estamos contruindo nossa personalidade e todos querem “ser alguém na vida”, então passamos a observar as qualidades dos outros para adotar enquanto descartamos nossos “defeitos” (que se tornam defeitos por valorizarmos mais os outros do que a nós mesmos). E foi o que aconteceu comigo, mas ao invés dos “outros”, avaliei os meus personagens e pensei o que eu deveria adotar de cada um deles, a frieza da Karlai? A coragem do Aleph? A persistência do Corvo? O Dual Soul me ajudou a refletir sobre mim mesmo e até hoje penso em quem quero ser.

4. Além de se empenhar na proposta do livro, após finalizá-lo, você tomou medidas empreendedoras para sua publicação. O que muitas vezes não é fácil para profissionais, você conseguiu mesmo antes de completar a educação básica. No seu ponto de vista, que atitudes foram definitivas para a publicação da sua obra?

Força de vontade, coragem e esperança, essas foram às atitudes fundamentais para concretizar a publicação da obra. A verdade é que o mercado editorial é extremamente exigente, obras excelentes são descartadas todos os dias pelas grandes editoras, o Dual Soul foi aprovado “de primeira” na editora Novo Século, responsável por publicar inúmeras obras famosas, como as do universo Marvel e Disney, mas não foi “sorte de principiante”, isso foi o resultado da minha força de vontade para reescrever o livro 4 vezes, da minha esperança de que ao longo dos 4 anos trabalhando na obra e em sua publicação que tudo daria certo e a minha coragem para trabalhar com profissionais com um currículo extraordinário sendo que eu nem completei o ensino médio.

Se acreditar naquilo que faz e possuir a persistência necessária para chegar até o fim, então basta se confortar com um sentimento de esperança, pois você é capaz de qualquer coisa. ]

5. O tempo é uma dificuldade ou uma desculpa para não se dedicar a projetos?

Dependendo da pessoa o tempo pode representar qualquer um dos dois, no meu caso, foi uma dificuldade. Esse ano foi exaustivo para mim e o tempo sempre se mostrou como um obstáculo formidável, muitas vezes eu tinha que estudar para a semana de provas que estava por vir ao mesmo tempo em que eu resolvia diversos assuntos com a editora. Eu passei as minhas férias reescrevendo o Dual Soul para a sua versão final antes de realizar o trabalho de edição ao lado dos profissionais da Novo Século. O problema não é o tempo em si, mas como você utiliza seu tempo, eu aproveitei cada segundo, usando o tempo que tive para estudar, trabalhar na obra e dedicar uma parte desse tempo ao lazer também.

Eu chegava na sala de aula exausto, mas não dormia porque eu adiministrava meu horário de sono. Lembro de ouvir as conversas das pessoas da minha sala e dos meus amigos, que sempre falavam de festas, football, marcavam para sair juntos, falavam de seus amores platônicos (popularmente chamados de “crush”) e eu pensava: “ Não tem como eu ir bem nessas provas, não tenho metade do tempo dos meus amigos, eles conseguem estudar, tirar boas notas e ainda sobra bastante tempo para o lazer.”

Acontece que eu não desisti e nem coloquei a culpa no tempo, decidi me esforçar ao máximo e aproveitar todo o tempo que tive disponível, o resultado? A maior parte das minhas notas está na média da turma, algumas ficaram acima e outras abaixo, mas apesar de todas as dificuldades eu consegui acompanhar o ritmo deles. O tempo pode até ser uma dificuldade, mas se você souber administrar ele da forma correta então conseguirá alcançar seus objetivos.



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