Burocracia ameaça matrícula em faculdade

Burocracia ameaça matrícula em faculdade

3 de fevereiro de 2006
por João Marques -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


A uma semana da matrícula, alunos da rede particular de ensino do Rio aprovados em dois dos vestibulares mais difíceis do país estão com a inscrição ameaçada na Universidade Federal do Rio de Janeiro e na Universidade Federal Fluminense por causa de burocracia e da falta de funcionários da Secretaria Estadual de Educação.

Uma resolução de 2005 do Conselho Estadual de Educação só permite que os colégios liberem os históricos escolares mediante análise e carimbo da secretaria, que não dispõe de funcionários suficientes para a tarefa, como o próprio órgão admite.

O edital da UFRJ exige o histórico escolar, e Roberto Vieira, diretor do Departamento de Registro de Estudantes (DRE), afirmou que não poderá garantir a vaga. "Não vamos matricular o aluno. O que podemos fazer é uma reserva de vaga para o candidato obter a documentação exigida, mas só até a primeira reclassificação. Não posso comprometer quem está na lista de espera."

A Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, também exige o histórico escolar e certificado de conclusão do ensino médio, mas admite matricular os alunos mediante a assinatura de um termo de compromisso com prazo definido para apresentação dos documentos necessários, segundo a diretora do Departamento de Administração Escolar da UFF, Soraya Hippert.

O engenheiro Mauro Cudischevitch passou os últimos dias ao telefone tentando resolver a situação da filha Cecília, 17, aluna do tradicional Colégio Santo Inácio, em Botafogo, aprovada em 8º lugar em Biomedicina na UFRJ.

"É kafkiano. Milhares de alunos podem perder a matrícula. Na secretaria, a encarregada me disse que não vai ter inspetor, porque eles são poucos, tem gente em férias, de licença e cem escolas para atender", conta o engenheiro.

No Santo Inácio, o auxiliar de secretaria Almir Ribeiro Jr. informou que a escola espera os inspetores e está fornecendo certidão provisória para a matrícula. No Colégio Princesa Isabel, Amirte Flora, auxiliar de secretaria, afirma que o colégio vai enviar às universidades um ofício explicando a situação.

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que iniciou ontem sua pré-matrícula, informou que não está fazendo restrição por conta do problema.

Em São Paulo, quando os alunos se formam no ensino médio, as informações são enviadas pelos colégios para a Secretaria Estadual da Educação, e o estudante fica com o histórico escolar. Ao se inscrever em uma universidade, a instituição envia o histórico para a secretaria, que confere os dados.

Outro lado

A Secretaria de Estado de Educação admite enfrentar escassez de inspetores.

O subsecretário de Educação, Carlos Guimarães, demonstrou surpresa com o problema e prometeu solucioná-lo. "Para mim, isso não estava acontecendo."

Ele informou que a secretaria está em processo de contratação de pessoal por concurso público.

Ontem à tarde, após a Folha falar com o subsecretário, alunos do Santo Inácio foram informados que um representante iria ao local liberar os documentos.

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