Celulares na escola

Celulares na escola

24 de novembro de 2017
por Amanda Cordeiro Ribeiro -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


Escolas francesas de ensino fundamental e médio devem se tornar zonas livres de uso de celular, segundo um anúncio do ministro da Educação do país. A partir de setembro de 2018, início do ano letivo, o uso dos aparelhos ficará proibido não só em sala de aula, onde já é banido desde 2010, mas também no intervalo entre aulas, durante o recreio e hora do almoço.

De acordo com o ministro Jean-Michel Blanquer, a medida é de “saúde pública”. “Nos dias de hoje, as crianças não brincam mais na hora do recreio. Eles só ficam todos na frente dos seus smartphones. Do ponto de vista educacional, isso é um problema”, declarou Blanquer à imprensa. Outro motivo citado pela autoridade francesa para a medida é o bullying entre estudantes, que seria facilitado pelo aparelho.

O ministro disse também que é recomendável que crianças evitem ficar em frente a uma tela antes dos sete anos de idade. O governo ainda não anunciou como irá colocar em prática o plano, apenas cogitou a possibilidade de recolher os aparelhos na hora da chegada à escola, devolvendo-os na saída. Blanquer disse que será permitido o uso do celular para propósitos educacionais ou para comunicação de emergência.

Proposta de campanha do presidente Emmanuel Macron, a medida afeta estudantes dos 6 aos 15 anos. Ela foi criticada por pais e professores. “Imagine uma escola com 600 alunos. Como a escola vai guardar os aparelhos? E os devolvemos no fim da aula?”, questionou Gérard Pommier, diretor de uma associação de pais de estudantes de escolas públicas, à imprensa francesa.

De acordo com dados de uma associação de professores, 40% das punições na rede pública estão relacionadas a celulares.

Prós e contras do uso

De acordo com um estudo da London School of Economics, escolas que cortaram o uso de celulares viram uma melhoria de 6,4% no desempenho dos estudantes na faixa dos 16 anos, o equivalente ao acréscimo de cinco dias ao ano letivo. “Descobrimos que não apenas o desempenho dos estudantes melhorou, mas também que alunos de rendimento pior e de faixas de renda mais baixas foram os que mais se beneficiaram”, disseram os autores do estudo à BBC.

Por outro lado, muitos reconhecem que podem haver benefícios na tecnologia quando usada de forma adequada. Segundo relatório da Unesco, “um número crescente de projetos mostrou que tecnologias móveis fornecem um excelente meio de estender oportunidades educacionais para estudantes que não têm acesso à educação de boa qualidade”.

Como é na rede pública brasileira

Não há lei nacional sobre o uso de celular nas escolas brasileiras. Um projeto de lei de 2015, de autoria do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), não avançou. Em Minas Gerais, a assembleia estadual aprovou um projeto de lei que tem como objetivo proibir a utilização de aparelhos eletrônicos em ambientes de estudo, com destaque para aparelhos celulares em salas de aula.

Pernambuco, desde 2015, veda o uso do aparelho em salas de aulas e bibliotecas de escolas públicas e particulares. No Rio Grande do Sul, a proibição de celulares em escolas estaduais data de 2008. Em São Paulo, a Assembléia Legislativa alterou em outubro de 2017 uma lei de 2007 que restringia o uso de aparelhos móveis nas salas do ensino fundamental e médio.

A proposta, que libera o uso para fins pedagógicos, sob orientação de educadores, veio do secretário da Educação, José Renato Nalini. De acordo com Nalini, “se quisermos manter o aluno interessado em aprender, temos de usar a linguagem dele. A linguagem de seu tempo.”.

Pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) mostrou que 52% dos alunos do 5º ao 9º anos do ensino fundamental e do 2º ano do ensino médio, em áreas urbanas, usaram aparelhos celulares em atividades escolares. O índice chega a 74% entre estudantes do ensino médio.

 

Fonte: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/12/12/Por-que-a-Fran%C3%A7a-quer-banir-completamente-os-celulares-das-escolas

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