'Ninguém solta a mão de ninguém'

'Ninguém solta a mão de ninguém'

15 de março de 2019
por Amanda Ribeiro -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


O desfile das escolas de samba trouxe para a sociedade duas possibilidades de releitura bastante ricas para além deste evento anual do calendário: o Carnaval.

Uma destas releituras é a trajetória profissional do carnavalesco Leandro Vieira da Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira que, para se consagrar na função, adotou como estratégia o conceito de espírito de equipe.

A segunda lição, veio da Escola de Samba Paraíso da Tuiuti que resgatou a frase "Ninguém solta a mão de ninguém" como incentivo aos valores fraternais na atual sociedade.

1ª lição: Trabalho de equipe x Espírito de equipe

Campeã do Carnaval 2019, a Estação Primeira da Mangueira trouxe para seu desfile a crítica social. Com o enredo “História para ninar gente grande”, contou a história do Brasil mostrando heróis esquecidos da narrativa tradicional, como negros e índios.

Consagrada pelos jurados na quarta-feira, 06 de março, o projeto vitorioso carrega uma lição valiosa para os ambientes empresariais e também aplicáveis em outros meios sociais: a diferença entre trabalho em equipe e espírito de equipe.

Para a ilustração dos conceitos, é preciso compreender o contexto no qual ocorreu a condução da proposta pelo carnavalesco.

"Eu tinha só um carnaval no meu currículo. Então, eu cheguei na Mangueira muito desacreditado." — conta Leandro Vieira em entrevista à revista Exame, em 9 de março —"Somado a isso, a Mangueira enfrentava um jejum de 13 anos, tinha quase dez anos que não voltava no Desfile das Campeãs.’’ desabafa.

Com a meta de levar o enredo à Sapucaí mediante a redução de 50% do patrocínio da Prefeitura do Rio no Carnaval, Leandro teve que fazer ajustes no modo de trabalho e isso implicou na construção "de um projeto vitorioso com orçamento baixo" e na liderança de "centenas de pessoas sem outro bônus que não o da conquista."

Perguntado sobre como engajou pessoas a trabalhar na construção do desfile, respondeu:

— "A maneira que eu tenho de fazer isso é sendo mais um junto deles. Eu nunca me coloquei na posição do carnavalesco, eu sempre me coloquei na posição do operário, do artesão, que trabalha junto. Então, eu trabalho junto deles. Nós somos uma equipe."

A fala do carnavalesco demonstra que a diferença entre um e outro é um detalhe conceitual. Quando falamos de trabalho em equipe temos um grupo de pessoas que juntas executam uma tarefa simultaneamente. Um depende do outro.

Já, espírito de equipe significa quando um grupo de pessoas conseguem unir seus talentos individuais para o bem dcoletivo, aproveitando suas diferenças para dar mais qualidade para a equipe.

Esses detalhes conceituais, dentro de uma empresa ou outro grupo social qualquer , interferem positivamente no clima organizacional e afetam diretamente a motivação pessoal que cada uma empenha para o alcance de metas e/ou objetivos. 

—" As pessoas que trabalham comigo, eu tento imbuí-las de um espírito de participação." — esclarece o carnavalesco e justifica — "Quando você participa, quando você é responsável pelo que você faz, você é apaixonado por aquilo que você realiza."

2ª lição: A gente pode contar um com o outro

Ainda dentro desta linha de pensamento em que a "união faz a força" a escola de samba Paraíso da Tuiuti trouxe em seu último carro alegórico a mensagem "Ninguém solta a mão de ninguém".


A ilustração que captou o espírito da mensagem foi concebida pela tatuadora e ilustradora mineira Thereza Nardelli. Thereza contou que o contato com a escola de samba começou após o desenho viralizar na Internet. "Eles me enviaram um e-mail e começamos a conversar desde então. Fui conhecer a escola no início deste ano e me apaixonei pelo enredo ".

A motivação para o desenho foi um momento difícil na vida familiar:

“A gente atravessava um momento difícil na nossa vida pessoal, aí ela (sua mãe) virou para mim e disse 'ninguém solta a mão de ninguém”. Na entrevista concedida ao site G1, conclui: “Acho que viralizou porque o desenho, representa conforto, sabe? Que não estamos sós. Que tem gente perto e que a gente pode contar sim um com o outro”.

E, se todo Carnaval tem seu fim, que seja eternizada sua mensagem. Que a grande festa popular possa nos encher de "alegorias" para tornar o nosso mundo cada vez mais colaborativo, agradável e acolhedor para cada um de nós.




Compartilhe:
Facebook Tweet