Saúde e Educação
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, divulgou em 26 de agosto a 3ª edição PENSE, a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar.
Realizado em 2015, com apoio dos ministérios da Saúde e da Educação, o estudo analisou pouco mais de 102 mil questionários de estudantes brasileiros de escolas públicas e privadas na faixa etária de 13 a 15 anos.
Além do levantamento de dados sobre os hábitos de vida dos estudantes, a pesquisa nos orienta para a necessidade de estender nosso olhar para a correlação entre estes hábitos e o desempenho acadêmico destes estudantes.
Hábitos de risco
A pesquisa mostrou que 56% dos estudantes do 9o ano do Ensino Fundamental II já haviam consumido bebidas alcoólicas, 18% já haviam experimentado cigarro, e apenas 34% poderiam ser considerados fisicamente ativos (tendo acumulado 30 minutos ou mais de atividades físicas por semana).
A pesquisa referente ao ano de 2015 não correlaciona esses e outros hábitos ao desempenho escolar, mas um estudo feito pelos pesquisadores Aléssio de Almeida e Ignácio Júnior (da Universidade Federal da Paraíba) realiza justamente este exercício, com base nos resultados da mesma pesquisa do IBGE, mas para o ano de 2012.
O trabalho foi publicado este ano na Revista Brasileira de Economia (v.70, nº 2), da FGV, e relaciona a importância da educação no processo de formação do capital humano com ênfase para o papel da família no processo de geração do bom desempenho acadêmico do aluno.
A análise aponta para o fato de que a exposição a fatores de risco como o excesso de peso e o consumo de cigarro e bebida alcoólica se relaciona de forma direta com o atraso escolar e o desempenho escolar.
O cultivo do que é bom
Os autores indicam a necessidade de ações preventivas desses fatores de risco desde a infância, pois as consequências dessas exposições podem gerar desdobramentos não apenas na saúde, mas também na Educação.
O estudo pauta-se em pesquisas internacionais para avaliar o contexto nacional e, sugere que “independentemente do agrupamento econômico do país, existe certo consenso acerca da importância do perfil do aluno e da família na produção da educação. ” Mas não generaliza causa e consequência ao âmbito familiar, inclui a escola como parte da solução. “Há muito a ser feito dentro dos colégios para estimular hábitos saudáveis. É o caso da prática de esporte que cada vez mais é preterida frente aos aparelhos e jogos eletrônicos. ”
Esta não pode ser uma tarefa apenas de professores, gestores e das famílias. É um desafio para toda a sociedade, que envolve políticas públicas de diversas áreas. Até mesmo porque o estudo indica que os colegas de turma têm forte influência na decisão individual da criança na adoção de posturas de risco.
Outras dimensões
A pesquisa esclarece, de forma geral, que alunos expostos ao cigarro e a bebida mantêm a tendência de maior atraso na escola e menores índices de rendimento escolar. Destaca-se que nessa última especificação, o coeficiente para obesidade não apresentou significância estatística.
Entretanto, a obesidade, segundo os autores, colabora para o baixo desempenho na escola, motivado por questões que envolvem as esferas sociais e psicológicas dos alunos, tendo expressivas consequências para o nível de bem-estar do indivíduo quando adulto.
Em suma, a pesquisa sinaliza para o fato de que os fatores socioemocionais podem ser uma importante dimensão que define problemas de desempenho escolar, sem tirar, é claro, todas as implicações que estes hábitos causam à saúde e à fisiologia dos adolescentes.
Compilando os dados
A pesquisa do IBGE traz também muitas informações relevantes sobre o contexto escolar. Embora com dados gerais da realidade do país, a pesquisa serve de amparo para nortear nossa conduta enquanto educadores.
Confira um resumo dos principais dados levantados na PENSE de 2015: