Uso de fones de ouvido prejudica a audição

Uso de fones de ouvido prejudica a audição

18 de agosto de 2010
por João Marques -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


A estudante Raquel Ramos, de 19 anos, sai de casa e, ato contínuo, liga o iPod. Na academia, como não consegue ouvir a televisão, recorre novamente ao aparelho. A "surdez" também se manifesta na escola.

- Às vezes desisto de acompanhar uma conversa porque não estou escutando os outros - conta. - Minha professora acha que eu não presto atenção. Na verdade, nem sempre eu consigo ouvi-la.

Raquel não é uma exceção. Nos EUA, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira na revista da Associação Americana de Medicina, um em cada cinco adolescentes de 12 a 19 anos já apresenta perda auditiva. É um índice 30% superior ao constatado em outro levantamento, realizado entre 1988 e 1994. Pudera: o tempo de exposição a aparelhos eletrônicos mais do que dobrou. Por isso eles são apontados como os culpados.

- É só ver por aí como a exposição prolongada ao som alto é perigosa à audição - explica o autor da pesquisa, Gary Curhan. - Mas isso não significa que os jovens não possam ouvir os MP3 players.

O uso é permitido, desde que com moderação. A exposição segura para o ouvido humano é de ruídos com, no máximo, 80 decibéis. A partir disso, a tolerância ao ruído diminui significativamente.

- Já constatamos que o adolescente ouve música a até 105 decibéis. Para efeito de comparação, uma britadeira promove ruídos de 120 decibéis - ressalta Jair de Castro, chefe do Serviço de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia. - Se este abuso se tornar rotina, em até cinco anos o jovem apresenta uma perda auditiva que atrapalhará sua convivência social.

Segundo o otorrinolaringologista Jorge Barbosa Leite, os adeptos da música alta podem ter dificuldade para perceber sons agudos:

- Eles não distinguem alguns fonemas e terão problemas para aprender um novo idioma, por exemplo. A sensação de zumbido ou de abafamento da audição são sinais de alerta que não devem ser ignorados.

Fonte: O Globo - Renato Grandelle

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