É isso que você quer?

É isso que você quer?

15 de janeiro de 2016
por Amanda Cordeiro Ribeiro -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


Bilhete da escola. Assino: ciente ou envergonhada? Se fui chamada, errei em algum lugar. Dei limites de menos, espaço demais. Olhar de menos, celular demais. É preciso ver onde vacilei.

O professor foi injusto ou crianças mentem?

Digamos que elas são criativas. Inventam uma versão que lhes seja mais favorável, mas fatos distorcidos não são realidade.

Casos de falta de educação, antigamente, eram facilmente resolvidos com castigos ou chinelos. Hoje, viram verdadeiros tsunamis. É a sala de aula virando lama.

Crianças sendo criadas num falso mundo onde tudo pode. Aprendendo que mentir dá lucro. E que desvios trazem vantagens.

Pais, ao invés de conversar para melhorar a criança, crucificam o professor. Destratam, desrespeitam, ameaçam, processam. Armam verdadeiras guerras por whatsapp, com direito a emoticons e outras figurinhas.

Esses pais têm a exata noção do que fazem? A clara consciência de que estão sendo manipuladas pelos filhos? Invertendo a ordem de valores e dando razão a quem não tem? Difamando profissionais com anos de experiência?

Crianças são assim, torcem, retorcem e dão um jeito de sair pelas portas das possibilidades.

Os pais não devem aceitar a saída mais fácil. Devem ensinar que os trabalhos devem ser bem feitos e que as provas são resultados dos seus méritos.

Mas, ao contrário, como bons advogados, vasculham brechas nos enunciados das provas para mendigar pontos extras.

Não percebem o que estão fazendo. Criam pessoas sem ética, sem garra, sem moral, sem estofo. Seres que tendem a se arrastar pela vida ao invés de andar em pé, cabeça erguida, lutando pelo que querem.

“Coitadinhizar’ crianças é matar a capacidade delas serem pessoas melhores. Coitadinhos são pessoas incapazes de construírem a própria felicidade.

Aprender a obedecer, a respeitar, a não prejudicar o outro não é castigo, é lição. Eles não são reizinhos donos do mundo. A lei que vale para todos, vale para eles também. Não se leva vantagem em tudo. Vantagem é trabalhar para ter o que precisa. É saber que tudo tem retorno. E o que você manda, volta sempre para você . Muitas vezes em forma de notas no boletim.

Crianças pedem socorro de várias formas. Socorra. Foi chamado na escola? Escute, encare, repense. Venha desarmado. Ali, na sua frente, tem um profissional que reparou o que a gente deixou passar. Não desconte sua raiva em quem está te mostrando esse fato. Não se trata de um embate com vencedores e vencidos. Trabalhe em conjunto. Lutamos juntos por crianças melhores.

Você pode estar criando um coitadinho. É isso mesmo que você quer? Se não for, pare, reavalie. Ponha a mão na consciência! Tirar nota baixa é aprendizado. Tinha que ter estudado mais. Saber que a nota aumentou porque a mãe arrumou um jeitinho, é desserviço. Ser chamado a atenção pelo professor não é constrangimento, é aprendizado. Saber que a mãe foi questionar a escola por causa disso, é aprender a não se responsabilizar por seus atos.

Filho é pipa. Precisa de vento, precisa  de linha, precisa de embate também. Cada uma com sua rota, seu voo, seu aprendizado. Voltam rasgadas, tronchas, sem um pedaço da rabiola. Podemos dar colo, passar remédio, soprar e mandar voar de novo. É no voo que se aprende a voar. Pipa bonita é a que dança no ar.

Fonte: http://www.escoladainteligencia.com.br/voce-pode-estar-criando-um-coitadinho-e-isso-mesmo-o-que-voce-quer/

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