Educação Física: de complementar para fundamental

Educação Física: de complementar para fundamental

11 de agosto de 2016
por João Marques -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


A prática de atividades físicas muito se difere da aplicação das práticas adotadas pela disciplina de Educação Física no ambiente escolar. O arcabouço que define o campo de atuação desta matéria, englobam aspectos nem sempre tão explícitos, muitas vezes, omitidos pela natureza alegre que envolvem as aulas.

A Educação Física através da História

Assim que Portugal determinou que os padres jesuítas fizessem a catequese de nossos índios, incluíram em suas doutrinas, a práticas de peteca, arco e flecha e das atividades recreativas, sinalizando para a importância das atividades físicas como instrumento de Educação.

Quando o Brasil era Império e criou-se o Colégio Pedro II, a disciplina estava lá. Compreendia-se a importância da mesma, mas muitos anos foram necessários para entender o que os gregos, sempre souberam: que a Educação Física era atividade primordial.

As discussões acerca da disciplina sempre foram em torno da dualidade: complementar ou fundamental?

Ainda no período imperial, a balança ia pendendo para um lado, tendo o imperador, D. Pedro II, determinado que todas as escolas do Município da Corte deveriam oferecer a prática da ginástica obrigatoriamente, em 1853.

Saúde, disciplina e força

Neste início, as atividades de Gymnástica eram ministradas por militares, uma vez que não haviam profissionais especializados na época. A orientação para o desenvolvimento de “práticas motoras orientadas”, por serem aplicadas pelos milicos, buscavam a promoção da saúde, mas também buscavam desenvolver a disciplina e a força, características do meio beligerante.

Então, a confusão história começa a se desenrolar porque o Reitor do Colégio, apesar de compreender que as práticas adotadas pelo “Capitão Guilherme fortaleciam a alma e o corpo”, este não deveria ter o título de professor devido “à natureza prática da atividade”.

 

   
Legenda:Exercícios de alongamento(1933)Fonte:Revista de Educação Física

Legenda: Aula de Educação Física no Ginásio Arte e Instrução no Rio de Janeiro(1933)Fonte:Revista de Educação Física

 

 

Regulamentação

Aos poucos, as práticas de Gymnástica foram se reconfigurando e se transformando em Educação Física através da transição de uma proposta de exercício físicos para o desenvolvimento de força e disciplina para uma atividade de Educação para o desenvolvimento moral e cívico.

Qualquer Ciência em desenvolvimento, percorre duro caminho até seu estabelecimento, e a Educação Física passou por este processo. Muitas vezes mal compreendida, a disciplina tem papel fundamental no processo pedagógico e nada tem de complementar.

-Em nossas aulas, o aluno tem a oportunidade de trabalhar Matemática, Geografia, História fora das salas convencionais de aula... Nossos estudos do meio integram sempre professores de outras disciplinas e objetivos adequados às necessidades dos alunos- diz Prof. Flávio Júnior, coordenador do Núcleo de Educação Física do Colégio Recanto.

Os jogos cooperativos, aplicados pela equipe, reforçam o conceito de uma ferramenta poderosa na construção de um sujeito útil ao mundo, prerrogativa do Recanto:

-Os jogos cooperativos desenvolvem consciência de cooperação e promovem efetivamente a ajuda entre as pessoas. Não existem ganhadores e perdedores. - reforça o coordenador.

As regras aplicadas nos torneios e campeonatos internos tem a premissa de não cultivar rivalidade entre as turmas, e sim, integração:

-Os alunos formam equipes por série. Numa mesma turma, existe alunos de variadas equipes. Assim, o conflito entre turmas é evitado e podemos fortalecer o desenvolvimento afetivo-social.

Essas são algumas possibilidades que a Educação Física traz em benefício ao aluno. De forma geral, nos moldes em que é aplicada no Recanto, tem papel relevante na formação do indivíduo pluridimensional, ou seja, aquela que cria no aluno a possibilidade de compreender a complexidade do mundo contemporâneo, com suas múltiplas particularidades e especificações. A proposta pedagógica difere fortemente da que se fazia presente nas décadas de 70,80 e 90, a qual privilegiava o método calisténico, ou seja, a ginástica:

-Nosso objetivo é capacitar o aluno a pensar por si só, analisar. É torna-lo auto gestor, emancipá-lo, com capacidade de dialogar, criticar, autocriticar e contra criticar.

Portanto, o dia 1º de setembro, Dia do Profissional de Educação Física, consagra a história do esporte para o desenvolvimento humano.

Fonte: www.ebah.com.br

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