Empatia

Empatia

18 de novembro de 2016
por Amanda Cordeiro Ribeiro -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


A empatia é a  habilidade em voga ultimamente. Na vida pessoal, saber se colocar no lugar do outro ajuda a manter a saúde dos relacionamentos e no trabalho, essa característica é cada vez mais valiosa, já que é fundamental para atuar em equipe.

Na teoria, parece ser simples, mas a empatia vai além da preocupação e conscientização da necessidade de se identificar com o outro. 

Carolina Faria Arantes é Mestre em Pscicologia da Saúde, Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e Pesquisadora da área de Prevenção e Tratamento de crianças, adolescentes e orientação de pais e divulgou material de apoio aos responsáveis esclarecendo sobre a importância da empatia na infância e indicando  ações que ajudam a desenvolver as habilidades empáticas.

Confira abaixo:

Qual a importância de desenvolver a empatia nas crianças?

A aprendizagem de habilidades empáticas beneficia a criança e sua família de diferentes maneiras. Estudos nacionais e internacionais apontam que a “empatia é um elemento essencial para o desenvolvimento das habilidades interpessoais e melhora na qualidade das relações”. A criança que se importa com o outro, que apresenta comportamentos de ajuda e cooperação é mais aceita socialmente, tem mais amigos, recebe mais ajuda, mais atenção, mais carinho. Tudo isso reflete positivamente na sua autoestima, pois ela percebe que é uma pessoa querida para os outros. Além disso, a empatia tem sido considerada por especialistas um fator de proteção de problemas de agressividade, isto é, quanto mais empática a criança for, menor a probabilidade de manifestar comportamentos agressivos.

O autocontrole, atenção a estímulos externos, reflexão sobre determinada situação, disposição para ouvir e solução de problemas também são habilidades que se desenvolvem quando a empatia é exercida. A criança precisa controlar a reação automática diante do comportamento do outro (autocontrole), tem que observar atentamente os sinais verbais e não verbais que retratam a situação da outra pessoa (atenção), pensar e imaginar como seria viver aquela situação (reflexão), ouvir o que o outro tem para lhe dizer sobre o que está pensando e sentindo (disposição para ouvir) e pensar em possíveis formas de ajudar a pessoa se sentir melhor (solução de problemas).

A criança é capaz de empatia?

Sim. Na verdade, a infância é a fase mais importante no processo de desenvolvimento de empatia. É claro que a aprendizagem de toda habilidade depende do desenvolvimento da criança em cada idade, mas pesquisas mostram que desde os seus primeiros dias de vida, o bebê já apresenta manifestações relativas à empatia. Segue um breve resumo de como a empatia é desenvolvida ao longo da infância, baseado no estudo de Pavarino, Prette e Prette (2005):

  • Primeiros dias de vida: É comum os bebês ficarem perturbados quando escutam o choro de outro bebê. Esta relação, embora seja um reflexo ao ambiente externo, ajuda o bebê a construir o conceito de que os outros existem e respondem ao ambiente de formas diferentes.
  • Cinco meses: Por volta dessa idade, os bebês já são capazes de discriminações mais complexas, como expressões faciais de alegria, raiva, surpresa, etc.
  • Primeiro ano: Nesta idade, os bebês já são capazes de experimentar o mesmo sentimento manifestado por outra pessoa e, um pouco mais tarde, eles começam a entender que o sofrimento não lhes pertence (embora não saibam o que fazer diante disso). Nessa fase as crianças já reagem de forma diferenciada à expressão facial de suas mães.
  • Segundo ano: Conseguem atribuir um significado às expressões emocionais das outras pessoas, assim como lançam mão de tentativas de consolá-las.
  • Terceiro ano: Nesta fase, a criança sabe que o seu comportamento é capaz de gerar um sentimento diferente no outro, ou seja, ela é capaz de supor que ao abraçar alguém, este pode deixar de se sentir triste e ficar feliz; ao bater em alguém, esta pessoa poderá deixar de se sentir tranquila e passar a sentir raiva. Porém, os comportamentos da criança neste período não são influenciados pela forma com que o outro irá se sentir, mas sim pelo próprio sentimento. Isto quer dizer que se sua vontade de bater no colega e se livrar da raiva for muito grande, ela irá fazê-lo mesmo sabendo que o outro ficará bravo.
  • Quarto ano: Já são capazes de reconhecer e nomear corretamente as emoções básicas (tristeza, raiva, medo, alegria, surpresa, nojo) através das expressões faciais.
  • Idade pré-escolar (até os 6 anos): A criança já é capaz de manifestar comportamentos pró-sociais cada vez mais complexos e alta sensibilidade em relação aos desejos e necessidade dos outros. Mesmo tendo este potencial, suas reações irão refletir a aprendizagem familiar, ou seja, o tipo de reação que seus pais costumam ter perante a expressão emocional dos outros.

O que os pais podem fazer para estimular o desenvolvimento da empatia do seu filho?

O desenvolvimento das habilidades empáticas é influenciado por variáveis genéticas e, principalmente, ambientais. Uma série de pesquisas tem mostrado que as relações parentais têm um peso muito grande no desenvolvimento da empatia do filho. Sugiro, no quadro abaixo, atitudes que os responsáveis podem adotar para colaborar com o desenvolvimento da empatia na criança:

Atitudes positivas Atitudes negativas

Limites – Pais que mostram claramente os limites para os seus filhos, que explicam o porquê das regras e de suas ações e quais consequências que os comportamentos da criança terão para ela e para o outro colaboram no desenvolvimento da empatia em seus filhos.

Não dar instruções sobre como a criança deve se comportar e nem consequências para os seus comportamentos – Dessa forma, a criança não saberá como deve agir perante o outro e a importância dos efeitos de seus comportamentos sobre o outro não será evidenciada.

Interesse pelos sentimentos da criança / Compartilhar os próprios sentimentos – Perguntar como o filho está se sentindo diante de determinada situação e expressar sua emoção ensina para a criança que os sentimentos do outro são importantes. 

Excesso de controle, rigidez e punição – Responsáveis que impõe limites às crianças sem explicá-las sobre a importância das regras e sem tratar seus sentimentos com respeito, tornam as crianças insensíveis.

Liberdade para expressar emoções – A criança tem o direito de não se sentir feliz com uma regra (e expressar isso), mesmo que a obedeça. A expressão dos sentimentos da criança não significa perda de autoridade dos pais.

Negligência e Frieza emocional – Gera o distanciamento da criança, não estimula o interesse pelo outro. Compromete a autoestima e autoconfiança, o que irá atrapalhar a sua aproximação de outras pessoas.

Auxílio para solucionar problemas – Os filhos precisam do auxílio dos pais para encontrar a  solução para seus problemas. Não significa que os pais devam resolver o problema. Contudo podem ajudar as crianças na análise da situação-problema, considerando os seus sentimentos e, junto com ela, pensando em formas possíveis de superar o obstáculo.

Punição Física – Ensina que a violência e agressividade são formas de solucionar problemas e de se relacionar com os outros.


 

Demonstrações e trocas de carinho – Faz com que a criança se sinta amada e que ela entenda que o outro é alguém que deve ser tratado de maneira especial. Estimula a expressão dos sentimentos. 

 

Expressar emoções negativas de forma moderada – Não tem problema os pais demonstrarem seus sentimentos de sofrimento, desde que façam isso de uma forma que não desestabilize a criança. Na verdade, é muito importante, pois colabora para a sensibilização da criança para o sofrimento alheio. 

 

Elogio – Ao destacar os comportamentos e atributos positivos do filho, os pais colaboram para reforçar as atitudes positivas no dia-a-dia das crianças.

 

 

Fonte: http://mamaetresvezes.com.br/empatia-na-crianca-como-e-por-que-desenvolve-la/

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