Física e Neurociência: Um casamento perfeito

Física e Neurociência: Um casamento perfeito

9 de setembro de 2011
por Danniel Jansen de O. Mendes Castro -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


O sistema nervoso central e os níveis hierárquicos de controle motor.

Professor Flávio Damião Pinto Júnior

 

O sistema nervoso central se organiza em níveis hierárquicos de controle, com uma estrutura que chamamos de Prosencéfalo no topo e a medula espinhal na base. Para fins elucidativos, seria útil pensar em um controle hierárquico do movimento, com três níveis. O nível mais alto esta representado pelas áreas de associação do neocortex cerebral, a qual esta envolvida com a estratégia. Já o nível médio ou intermediário, representado pelo córtex motor e pelo cerebelo esta relacionado com a tática, ou seja, a sequência de contrações musculares arranjadas no espaço e no tempo. Por último, o nível mais baixo, representado pelo tronco encefálico (Bulbo, Ponte, Mesencéfalo) e a medula espinhal, os quais guardam relação com a execução, ao ativarem motoneurônios e conjunto de interneurônios.

Com base em nossas vivências corporais, em nossa memória visual ou recorrendo ao imaginário (visualize um goleiro momentos antes de o jogador adversário cobrar um pênalti) com base na visão, audição, propriocepção e sensação somática, o neocortex cerebral terá a posição exata do corpo do goleiro no espaço, nesse momento, estratégias devem ser tomadas para que o corpo saia do estado atual para outro. Com base nas experiências passadas, o goleiro terá uma série de opções para tentar impedir que o pênalti seja convertido. As áreas motoras do córtex e do cerebelo tomarão a decisão tática, enviando informações para o tronco encefálico e para a medula espinhal, as quais serão responsáveis pelo movimento propriamente dito.

De acordo com as leis da física, uma bola chutada no espaço é balística, isto é, sua trajetória não poderá ser alterada. No momento em que o jogador definiu a sua forma de cobrança e deu início ao movimento planejado, o mesmo também poderá ser considerado balístico, pois, uma vez iniciado, não poderá ser alterado.

No nosso cotidiano somos surpreendidos por esse aspecto, quem nunca deixou ou ouviu falar de alguém, que ao fechar a porta de um carro, após iniciar o movimento, lembrou ou viu que havia deixado algo no interior do veículo, e mesmo assim, não conseguiu impedir o movimento que já havia iniciado ou uma gaveta nas mesmas condições acima. Portanto, o tempo de reação a um estímulo, esta relacionado diretamente com a iniciação do movimento e não com o desejo posteriormente manifestado. 

Fonte: MARK, F. Bear. Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso: 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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