Necessidades emocionais e afetivas

Necessidades emocionais e afetivas

23 de fevereiro de 2018
por Amanda Ribeiro -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


O site El País relacionou 12 necessidades emocionais e afetivas benéficas ao desenvolvimento de crianças e adolescentes pontuadas por Rafael Guerrero , diretor do Darwin Psicólogos, especialista em transtorno por Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), transtornos da aprendizagem e transtornos de conduta, e doutor em Educação.

1) Demonstrar nosso carinho

Todos os dias devemos dizer a nossos filhos o quanto os amamos, como sentimos sua falta no trabalho e como estamos orgulhosos de como são. Isso é fundamental para uma boa autoestima. Não basta pensá-lo, devemos dizê-lo e agir em consequência disso. Se hoje você não disse a seu filho que o ama, tente fazer com que seja a primeira coisa a dizê-lo quando o vir.

2) Ensiná-los a regular suas emoções

A ideia de que as crianças precisam de tempo de qualidade com seus pais sem que a quantidade importe é falsa. Como uma pessoa se transformou em um grande cirurgião e desempenha tão bem sua profissão? A chave está em ter um grande professor e em muitas horas de dedicação. O mesmo acontece com a regulação emocional. As crianças precisam que seus pais lhes ensinem a identificar e gerir suas emoções. A partir daí tudo vai melhorando em função da experiência. O problema ocorre quando os pais não sabem regular suas próprias emoções. Se eles não sabem, como irão ensinar seus filhos. Dificilmente. Se queremos que nossos filhos no futuro sejam capazes de autorregular suas emoções, é imprescindível que agora que são pequenos lhes regulemos suas emoções, ou seja, que aprendam a regular suas emoções com nossa ajuda.



3) Oferecer contextos de segurança e proteção
As crianças precisam de uma estimulação suficiente e adequada. Passado esse mínimo de estimulação, não se conseguem maiores aprendizagens Esse é o primeiro pilar se queremos fomentar um apego seguro em nossos filhos. Uma criança não pode se sentir segura se nunca foi protegida. A segurança é o contexto a partir do qual virão as próximas características do apego seguro. Proteger nossos filhos quando sentem medo, temor, raiva e tristeza é nossa função. Se alguma vez você não o fez, recomendo que a partir de agora ajude e acalme seu filho sempre que ele experimentar alguma emoção desagradável e que não saiba lidar por si só.

4) Sintonia emocional
É imprescindível que estejamos em sintonia emocional com nossos filhos, ou seja, que atendamos, legitimemos e conectemos com as emoções que estão experimentando. Assim, por exemplo, um pai estará em sintonia emocional com seu filho quando, diante de uma situação concreta, este lhe mostrar seu medo e raiva, e o pai compreender e atender o que se passa com seu filho. Consiste em estar receptivo diante das necessidades da criança. É como conectar por Wi-Fi nosso hemisfério direito, que é o emocional, com seu hemisfério direito. Se não o fez em um número importante de vezes, tente fazê-lo, pois não se conectar com suas emoções e afetos tem repercussões negativas.

5) Responsividade
Quando estabelecemos limites e os explicitamos a nossos filhos estamos dizendo a eles “eu te amo” A responsividade é a parte que vem na sequência da conexão emocional. Para poder ser responsivo, para não dizer responsável, precisei me conectar emocionalmente com meu filho, se não seria impossível. A responsividade consiste em dar à criança o que ela precisa. Não consiste em realizar seus caprichos, mas em realizar e cobrir suas necessidades. Como dizíamos no começo, as necessidades não são negociadas uma vez que são imprescindíveis à sobrevivência. A mãe ou pai que é responsivo é aquele que dá à criança aquilo que ela realmente precisa. Se diante de uma briga de nosso filho com um amigo ele se mostra preocupado e nós lhe dizemos que não enrole mais e vá fazer a lição de casa que é o que importa, não estamos sendo responsivos porque não estamos atendendo sua necessidade. Costumamos ser responsivos habitualmente com nossos filhos? Dedique alguns segundos pensando sobre isso.

6) Assumir o papel que nos corresponde como pais
Os pais não são amigos de seus filhos. Também não somos seus criados, mas às vezes pode parecer. Somos seus pais, e devemos assumir o papel que isso significa. Estamos realmente exercendo o papel de pais ou às vezes nos comportamos como colegas de nossos filhos?

7) Estabelecer limites claros
Uma das obrigações dos pais é implantar uma série de normas e limites no contexto familiar. Nossos filhos precisam de regras. É algo tão necessário como saudável. Imaginam uma cidade sem semáforos e sem placas de trânsito? Não seria um verdadeiro caos? Acontece a mesma coisa com as crianças. Precisam saber até onde podem chegar e qual é seu perímetro de segurança. Quando estabelecemos limites e explicitamos aos nossos filhos estamos lhes dizendo “te amo”. Coloco limites porque te amo e me importo com você. Refletiram sobre a quantidade de limites que existem em sua família? São muitos, poucos ou inexistentes? É recomendável pensar sobre isso.

8) Respeitar, aceitar e valorizar
Quando respeitamos, aceitamos nossos filhos como são e os avaliamos positivamente, estamos olhando incondicionalmente para eles. Demonstramos que nosso amor para com eles é incondicional, ou seja, não depende de nada. Amamos os filhos por quem eles são e não pelo que fazem e deixam de fazer. Estamos olhando nossos filhos incondicionalmente ou nosso amor para com eles depende de algo (resultados acadêmicos, comportamento, atitude, etc.)?

9) Estimulação suficiente e adequada
Há alguns anos, ficou em moda a hiperestimulação das crianças. Levávamos os jovens de um lugar a outro para “espremê-los” ao máximo cognitivamente falando. Precisávamos aproveitar o tempo e a plasticidade cerebral antes que essas janelas se fechassem. Hoje em dia sabemos que as crianças precisam de uma estimulação suficiente e adequada. Passado esse mínimo de estimulação, não se conseguem maiores aprendizagens, mas exatamente o contrário: exigências, estresse e hiperestimulação. O slogan que diz que quanto antes e mais estimularmos nossos filhos, melhor, é falso. Os pais devem repensar como enfocar, por exemplo, as atividades extraescolares de nossos filhos? Certamente sim.

10) Favorecer sua autonomia
Dizíamos antes que a primeira característica do apego seguro era a proteção. Pois bem, a outra face da moeda da proteção e segurança consiste em favorecer a autonomia, o que é a mesma coisa, favorecer sua curiosidade e seu espírito aventureiro e explorador. Viemos a esse mundo com a emoção da curiosidade no kit de sobrevivência, o que nos faz ter muita vontade de aprender coisas novas. É de vital importância, não só que achemos bom que nossos filhos sejam curiosos, mas que os convidemos a fazê-lo.

11) Sentido de pertencimento
Para o ser humano e para muitos outros mamíferos é de vital importância sentir-se parte de um grupo. Já viram nos documentários de quais são os lugares que os filhotes mais jovens ocupam? Geralmente costumam ir no centro, ou seja, no lugar de maior segurança e proteção. Daí vem a importância do grupo e da manada. O fato de nos sentir parte de um grupo ou de vários aumenta as probabilidades de sobrevivência. Uma das características que as crianças que sofrem assédio escolar costumam ter é não pertencer a nenhum grupo. É muito importante que nossos filhos pertençam, no mínimo, de um grupo, senão de mais. Estamos fazendo um bom trabalho como pais para favorecer o âmbito social de nossos filhos? Esse âmbito é tão importante quanto o acadêmico, não? Se concordamos, dou como certo que nunca castigamos os resultados acadêmicos ruins com não sair com os amigos e ir aos jogos de futebol, não?

12) Favorecer a capacidade reflexiva da criança
A capacidade reflexiva se refere a pensar sobre o que nos acontece, como estamos fazendo, como nos sentimos, nossa evolução e progressos, etc. É importante que ajudemos nossos filhos a aprender a pensar sobre as emoções que sentem, o que pensam, como se comportam, etc. Também é um trabalho muito interessante para nós como adultos.



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