Revolução Mexicana

Revolução Mexicana

13 de abril de 2007
por Vinicius Lopes Barbosa -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


Revolução Mexicana  Antecedentes No México, o ano de 1823 assinalou o fim do governo de Augustín Iturbide e abriu um longo período de instabilidade, marcado pelas disputas caudilhescas. O general Antonio López de Sant’Anna sobressaiu, impondo-se a diversos governos. Várias vezes presidente, Sant’Anna aliou-se aos conservadores, sustentando-se no poder pela força das armas. A Igreja Católica e os grandes latifundiários também estiveram ao lado dos conservadores, sendo favoráveis a um governo centralizado.

O avanço dos liberais mexicanos ocorreu quando, durante o governo de Sant’Anna, o Texas e outros territórios foram perdidos para os Estados Unidos. Desgastados, os conservadores não conseguiram conter a insatisfação popular, e, em 1855, em meio a uma revolta popular, Sant’Anna foi derrubado.

Assumiam os liberais, liderados por Benito Juárez. Em 1857, o México adotava uma nova Constituição, cujos termos desagradavam os conservadores, a Igreja Católica e o Exército, por ter extinguido os Tribunais Militares e Eclesiásticos, o que retirava o poder desses grupos e fortalecia o Estado. Juárez, índio zapoteca, foi excomungado pela Igreja Católica e passou a sofrer forte oposição dos conservadores. Em resposta, lançou mão das Leis da Reforma, que promoviam a separação entre Estado e Igreja, suprimiam a cobrança de dízimos, implantavam a liberdade de culto e tornavam o ensino leigo. Essa reforma motivou uma guerra civil, a Guerra da Reforma, que durou dez anos (1858-68).O governo de Juárez, em razão da crise gerada pelas disputas internas, havia suspendido o pagamento da dívida externa – os maiores credores eram França, Inglaterra e Espanha. Esse fato foi utilizado pelos conservadores que, derrotados, pediram auxílio a essas nações para promover uma intervenção no México. Inglaterra e Espanha não cederam aos conservadores, porém a França de Napoleão III resolveu atender a tais apelos. O governo francês, apoiado pelos conservadores e clérigos, instaurou uma monarquia no México, que passou a ser governado pelo arquiduque Fernando Maximiliano, da Áustria. Liderados por Juárez, os liberais e patriotas travaram uma luta de guerrilha contra a dominação francesa. Contando com a colaboração dos Estados Unidos, em 1867 expulsaram os franceses e executaram Maximiliano por fuzilamento. Após a morte de Juárez, o país encontrava-se arrasado, e novas lutas armadas pelo poder continuaram até que, em 1876, Porfírio Díaz deu um golpe, estabelecendo uma longa ditadura.  O porfiriato Pretendendo implantar um programa de governo que realizasse o desenvolvimento mexicano, baseado na ciência e na técnica, Porfírio Díaz recorreu ao capital estrangeiro. A exploração petrolífera e mineradora foi entregue às companhias inglesas e norte-americanas; houve a manutenção dos latifúndios, que passaram a ser explorados também por estrangeiros; a comunidade indígena, o ejido, desapareceu, pois o governo passou a exigir o título de posse das terras (Lei dos Baldios, de 1893-1902), e, como os indígenas não o possuíam, confiscou as terras e as vendeu a latifundiários e empresas estrangeiras. Apesar dos altos índices de crescimento do país, a maioria da população vivia em franco processo de empobrecimento, resultado da grande entrada de capitais estrangeiros, o que é característica típica dos países dependentes. A concentração de terras tornou-se um grave problema. No Sul, essa situação resultava da prática da monocultura da cana-de-açúcar desde o período colonial; no Norte, em função da pecuária, mineração e também da agricultura. Os mais prejudicados com essa estrutura fundiária foram os indígenas, que passaram à situação de mendicância.A política social do porfiriato consistiu em uma repressão constante à população, inibindo e dividindo os grupos menos favorecidos; as tradições culturais indígenas foram substituídas pela influência estrangeira, que as desprezava. Desse desenvolvimento nasceu uma classe média que exigia reformas democráticas e o direito de participação política. A elite mexicana também não estava satisfeita, pois grande parte da riqueza foi parar em mãos estrangeiras, além de o grande avanço econômico não ter sido acompanhado por uma modernização institucional, pois Porfírio Díaz era, de fato, um ditador.O porfiriato era um modelo desgastado até mesmo para os Estados Unidos, que investiam no México. Díaz, ao buscar investimentos europeus para neutralizar a influência norte-americana, perdeu o apoio desse importante aliado, que passou a incentivar a oposição.  A Revolução Em 1910, Porfírio Díaz convocou eleições presidenciais, e a oposição lançou o nome de Francisco Madero para concorrer ao cargo. Díaz mandou, então, que se prendesse Madero antes das eleições e que o soltasse somente quando estas terminassem. Em liberdade, Madero refugiou-se no Texas, de onde passou a incentivar a revolução; prometendo a devolução das terras aos camponeses e reformas eleitorais, ganhou a adesão dos camponeses do Sul, liderados por Emiliano Zapata, e do Norte, liderados por Francisco (Pancho) Villa. Em maio de 1911, Porfírio Díaz renunciou e Madero assumiu provisoriamente a Presidência da República, que lhe foi confirmada em eleições no mesmo ano. As expectativas em torno do governo de Madero eram enormes, pois, para que seu movimento se concretizasse, contou com um amplo apoio social, principalmente das camadas populares. Porém, à medida que o tempo ia passando, ele se mostrava extremamente moderado diante das reivindicações das camadas populares e, ao mesmo tempo, extremamente benevolente com os antigos adeptos do porfiriato, que permaneceram em cargos governamentais. Devido a essa posição dúbia e moderada, Madero passou a enfrentar a oposição das camadas populares que clamavam por mudanças urgentes, como a reforma agrária proposta por Zapata. Avanço e retrocesso Como Zapata não conseguiu fazer-se ouvir e ter as reivindicações atendidas por Madero rompeu o apoio que dava a seu governo e lançou o Plano de Ayala, propondo a reforma agrária imediata, o confisco de 1/3 das terras que estavam nas mãos de grandes latifundiários para serem entregues aos camponeses, a criação de um banco para dar créditos à agricultura e o confisco de bens dos que se opusessem às reformas do Plano. A situação passou por um momento de radicalização das forças sociais, e Francisco Madero não teve habilidade política para, ao mesmo tempo, fazer reformas destinadas às camadas populares, preservar o latifúndio e garantir os interesses estrangeiros. Esse fato culminou com um golpe desfechado pelo general Victoriano Huerta, apoiado pelos Estados Unidos e empresas estrangeiras, contra Francisco Madero, que foi executado em 1913. Victoriano Huerta, apesar do apoio norte-americano, não era um nome de consenso para liderar o país. O governador do Estado de Cohauilla, Venustiano Carranza, não reconheceu o seu governo e passou a compor uma frente anti-huertista, reunindo em torno de si figuras como Pancho Villa e Álvaro Obregón. As relações de Huerta com os Estados Unidos passaram a ficar estremecidas a partir do momento em que o ditador passou a favorecer a entrada de capitais ingleses no país, que chegaram a superar os norte-americanos, pondo em risco os interesses destes, principalmente no setor petrolífero. Daí para a retirada de apoio foi um passo, que logo se realizou com o presidente Wilson dando apoio a Carranza e, ao mesmo tempo, intervindo no México, sob o pretexto da morte de norte-americanos causada pelo processo revolucionário. Victoriano Huerta fugiu e o poder foi, brevemente, dividido entre Zapata e Pancho Villa. No curto período em que Zapata administrou o Estado de Morellos, colocou em prática a reforma agrária e fixou limites para a propriedade, realizou uma série de reformas sociais, criou escolas técnicas, indústrias de ferramentas, e o povo exercia o poder através da democracia. A Presidência do país, passando a ser ocupada por Carranza, levou seus seguidores a lançarem-se contra o Estado de Morellos, em 1916. Nesse mesmo ano reuniu-se a Constituinte, que promulgou a Constituição em 1917.Um retrocesso era visível no processo revolucionário, marcando a vitória da elite sobre as camadas populares. A Constituição separava o Estado e a Igreja; a propriedade privada era reconhecida; o ejido voltava a existir, porém sob a forma cooperativa controlada pelo Estado; foi estabelecida a igualdade jurídica e religiosa; foram feitas concessões trabalhistas, como a jornada de trabalho de oito horas por dia, reconhecimento do direito de greve e de associação dos trabalhadores. Em 1919, vítima de uma emboscada, Zapata foi assassinado; em 1923, Pancho Villa também foi assassinado. As pressões norte-americanas aumentaram e ameaçavam o país com possíveis intervenções militares.    Fonte: Vinicius Barbosa

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