Ensina-se comportamento

Ensina-se comportamento

14 de abril de 2016
por Amanda Cordeiro Ribeiro -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


Conscienciosidade, amabilidade, extroversão, abertura e estabilidade emocional. Os desafios do século XXI exigem o domínio dessas cinco características da personalidade humana.

As competências socioemocionais ou não cognitivas são comportamentos e sentimentos individuais que podem ser definidos como uma tendência a responder de determinada forma em certos contextos e situações cotidianas, como gerir emoções, estabelecer e atingir objetivos, trabalhar em equipe e enfrentar situações adversas.

“Pesquisas em diversas áreas revelam que o desempenho cognitivo dos alunos é beneficiado quando esse grupo de competências é desenvolvido de forma intencional”, explica Daniela Arai, analista de projetos de Avaliação e Desenvolvimento do Instituto Ayrton Senna.

Os alunos mais responsáveis, focados e organizados aprendem em um ano letivo cerca de um terço a mais de Matemática do que os colegas com essas competências menos desenvolvidas. A mesma diferença é detectada entre alunos com maior e menor nível de autonomia quando observado o desempenho em Português.

Para o instituto, tais habilidades são um caminho eficaz para fechar as lacunas educacionais presentes no País e alavancar a aprendizagem. Segundo Daniela, as aptidões socioemocionais são tão importantes quanto as cognitivas para a obtenção de bons resultados na escola, e tão ou mais importantes que elas para o sucesso no trabalho e na vida. “Elas importam em si mesmas, pois são valorizadas, culturalmente, pelas famílias e comunidades. São essenciais para a aprendizagem na escola, pois aumentam a média de aprendizado e reduzem as desigualdades dentro dos sistemas, e têm impacto em diversos resultados da vida como renda, saúde, sentimento de felicidade e participação cívica”, diz.

Para a psicopedagoga Anita Lilian Zuppo Abed, autora de um estudo-base sobre o tema encomendado pela Unesco, a discussão em torno da importância dessas aptidões deverá enriquecer o papel da escola, enquanto formadora de indivíduos mais plenos. “Não estamos mais pensando as emoções como algo que atrapalha o ensino, mas como algo que promove a aprendizagem”, explica.

Outro ponto, é reconhecer nas competências socioemocionais um instrumento para trabalhar a diversidade das salas de aula. “Sabemos que os alunos vão ter necessidades diferentes e acreditamos que desenvolver essas habilidades é muito importante para fechar esse gap e contribuir para o bem-estar das turmas.” O propósito, diz, não é só incentivar aptidões para o sucesso profissional, mas para o sucesso na vida cotidiana daquele indivíduo.

“O estímulo dessas habilidades tem de ser integrado ao ensino das demais disciplinas. Por uma questão de metodologia, fazemos essa distinção entre saberes cognitivos e socioemocionais, mas na prática tem que estar junto”, explica.

Fonte: http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/ensina-se-comportamento/ (Adaptado)

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