Nova tecnologia na mineração de cobre reduz emissão de gases poluentes.

Nova tecnologia na mineração de cobre reduz emissão de gases poluentes.

14 de fevereiro de 2009
por Mônica Sardinha Ferreira -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


 

 

Rio de Janeiro - O Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia, concluiu a primeira fase do projeto de lixiviação bacteriana, colocando em funcionamento a primeira Unidade Semi-Piloto de Biolixiviação computadorizada. O objetivo é reduzir a emissão de gases poluentes durante a extração do concentrado de cobre, o que diminui, em conseqüência, as emanações que contribuem para o efeito estufa na atmosfera.

Com isso, ganha também o cidadão, principalmente o que reside em áreas próximas das minas, que pode respirar um ar mais limpo.

Segundo o coordenador do projeto, Luís Sobral, a unidade visa à utilização de microorganismos, ou seja, organismos vivos que estão presentes no próprio minério, “e fazer com que estes, de forma bioestimulada, acelerem o processo oxidativo dos sulfetos de cobre, que são estruturas minerais contendo cobre”. A bactéria abre essas estruturas para liberar o cobre de forma solúvel, de onde ele é recuperado  na forma de metal, explicou Sobral, em entrevista à Agência Brasil.

Ele informou que isso é feito convencionalmente por um processo pirometalúrgico, em que a queima de sulfetos de cobre ocorre a temperaturas superiores a mil graus centígrados. No processo pirometalúrgico, as peças mineralógicas de cobre são transformadas diretamente em cobre metálico, também conhecido como cobre blister. Esse material é impuro, porque o processo não é seletivo somente para cobre, destacou Sobral. Por isso, é necessário que o material passe por um processo denominado eletrorrefino, que consome muita energia, a exemplo do pirometalúrgico, de transformação dos sulfetos em cobre metálico.

A meta do Cetem é substituir de forma gradual o processo pirometalúrgico pelo bio-hidrometalúrgico, de lixiviação bacteriana. “O processo de biolixiviação é menos poluente, evita as emanações do processo piro, causadas por metais como arsênio, cádmio, chumbo, mercúrio, telúrio, selênio e bismuto, elementos voláteis nessa temperatura”, destacou Sobral. Ele explicou que o processo piro necessita de um sistema sofisticado de retenção dos metais para que não cheguem à atmosfera, para que não poluam. Além de afetar o meio ambiente, tal processo implica elevado consumo de energia.

Na biolixiviação, usam-se organismos vivos presentes no próprio minério. “É só uma questão de bio-estimulá-los, de fazer com que eles funcionem de maneira mais  efetiva, com o uso de incentivos como fontes de carbono, nutrientes, nitrogênio, fósforo e potássio. O que se faz é só estimular o crescimento dessas bactérias e seu funcionamento. Aí, consegue-se extrair o cobre de maneira menos poluente. Esses metais não vão para o meio ambiente e, com isso, tem-se cobre extraído dos bens minerais, a um custo bem inferior ao do processo piro”, afirmou Sobral.

Em termos de investimento geral, ele estimou  que o processo biológico desenvolvido pelo Cetem é cerca de 60% mais barato do que o processo convencional. “Ele chega a reduções de gastos de mais de 60%”, destacou Sobral. Ele enfatizou, entretanto, que o grande ganho da nova tecnologia é o aspecto ambiental. “É o grande diferenciador. Deve ser levada em consideração em primeira instância a eliminação do impacto que o processo piro acarreta ao meio ambiente”.

O pesquisador lembrou o valor que o mercado externo dá à comercialização de produtos que apresentem o que se chama de “pegadas do processo”. Segundo Sobral, nesse caso, toda a malha produtiva é rastreada e avalia-se o impacto no meio ambiente.

A empresa cuidadosa com sua malha produtiva, e que se preocupa em afetar cada vez menos o meio ambiente, acaba recebendo incentivos na forma de sobrepreço, disse Sobral. “Isso é bom porque, além do preço naturalmente praticado, tem-se um bônus por não impactar o meio ambiente.  Do ponto de vista econômico, a nova tecnologia é satisfatória, mas é muito mais ainda quando agrega as características de não contaminação”, afirmou.

Agência Brasil

Fonte: Jornal O Dia 22/07/07 Agência Brasil

Compartilhe:
Facebook Tweet