SERENDIPIDADE - descobertas ocasionais da ciência

SERENDIPIDADE - descobertas ocasionais da ciência

30 de setembro de 2009
por Ricardo Abrate Luigi Junior -
Colégio Recanto - Rio de Janeiro, RJ


Por Ricardo Luigi

O acaso favorece apenas as mentes preparadas
Louis Pasteur

Com toda certeza, você já entrou em uma loja pensando em comprar um determinado CD, e saiu de lá com livros fantásticos que jamais teria pensado  em comprar. Ou foi procurar um objeto seu perdido há alguns dias e encontrou outro já esquecido, perdido há muito mais tempo (inclusive na memória), cujo "achamento" já não era nem mais esperado. Pois isso, cientificamente, recebe um nome: SERENDIPIDADE (ou serendípite).

Esse termo que designa as descobertas científicas feitas por acaso, deriva do inglês SERINDIPTY, criado em 1754 por Horace Walpole, escritor e político inglês, para exprimir descobertas ocasionais diferentes daquelas que estavam sendo buscadas. A palavra vem de Serendip, nome antigo do Ceilão, e baseia-se em um conto oriental no qual três príncipes de Serendip, ao excursionarem pela ilha, fizeram importantes e inesperadas descobertas, todas elas provenientes da observação.

A história mundial está impregnada de ocorrências famosas de serindipidade, algumas das quais inimagináveis para a grande maioria. Os "corn-flakes", famosos "sucrilhos", surgiram do esquecimento de milho num forno aceso durante um dia inteiro por parte dos irmãos Kellog, no ano de 1898.

O mesmo aconteceu com a borracha vulcanizada (utilizada nos pneus) apareceu quando Charles Goodyear deixou cair um pedaço de borracha escolar numa frigideira quente, isso em 1844.

Na medicina a serendipidade está associada a importantes descobertas, como a que o escocês Alexander Fleming fez da penicilina, base para os modernos antibióticos; a heparina também foi descoberta ocasionalmente por um descuidado estudante que não pretendia conseguir um anticoagulante, mas sim um procoagulante.

A própria internet pode ser considerada uma descoberta ocasional, vista que foi inventada durante a Segunda Guerra  Mundial, com a finalidade de garantir uma comunicação segura entre os aliados. O seu uso atual não foi concebido e sequer poderia ser imaginado quando de sua invenção. 

Há um sem-número de eventos "serendipiticos" relatados, encontrando-se fontes na internet ou mesmo em livros especializados. Tentei aqui apenas apresentar esse método de descoberta científica àqueles que não o conhecem. E, digo método científico, pois, para alguns, a serendipidade não seria algo tão banal, visto que responderia por uma das três formas de descobertas casuais. As outras duas são: intuição a partir de justaposição de idéias e intuição do tipo "eureka" (quando se encontra algo que se persegue).

                                                                                                      

Saiba Mais

  • Link que aborda a questão da serendipidade na medicina: http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/serendipidade.htm
  • Livros que abordam a questão:
    • ROBERTS, Royston M. Descobertas acidentais em ciências. Campinas: Editora Papirus, 1993.
    • BACH, Marcus. Serendipidade: o mundo do acaso. São Paulo: Nórdica, 2005.
Fonte: Matéria da Revista Super Interessante de agosto de 1990 abordando o tema: http://super.abril.com.br/superarquivo/1990/conteudo_112181.shtml

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